domingo, 15 de maio de 2011

Lendas do Brasil: Pé de Garrafa

O equilíbrio espiritual está em um só ponto e não em vários. Essa é a lição que nos passa o Pé-de-Garrafa. Além disso, mostra que todos nós temos uma faceta "saltadora", que nos torna eternos peregrinos pela vida.

O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso, um ser feérico que vive nas matas do centro e meio-norte do país. Raramente é visto, mas sempre se ouvem seus gritos estridentes, ora amedrontadores, ora familiares, capazes de confundir os caçadores, que acreditam ouvir os gritos de um companheiro em apuros. Em algumas ocasiões o pobre caçador enlouquece com os gritos arrepiantes.

Ouve-se muito falar dele no Paraná, em Goiás, no Piauí e no Tocantins, vivendo nas matas e capoeiras. Ele tem muitos outros nomes, como Cão-Coxo, Capenga, Cambeta e Pé de Quenga. Em Goiás, dizem que ele é negro e com o umbigo branco. Tem um chifre só na cabeça, um só olho, uma única mão com garras e um pé só, redondo.

CARACTERÍSTICAS:

Muitas pessoas que já o viram, nos dão outras características:

1. Ele é uma criatura semelhante à um homem, que pode apresentar-se de pele alva ou na cor negra. Pode surgir com dois ou um braço, porém é dotado de uma só perna. Deixa um rastro que se assemelha ao fundo de uma garrafa, perfeitamente redondo.

Algumas pegadas atribuídas supostamente a esta entidade, encontradas no estado de Piauí, mostra que o Pé-de-Garrafa deve ser muito pesado, deixando marcas profundas na terra dura.

2. Ele costuma gritar alto para informar o caminho na mata, mas as pessoas não devem lhe responder, pois caso contrário, ele o seguirá.

3. Segundo alguns, ele possui um ponto vulnerável, o seu umbigo branco, que deve ser atingido para se alcançar à fuga.

Câmara Cascudo o descreve:
O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso que vive nas matas e capoeiras. Não o vêem ou o vêem raríssimamente. Ouvem sempre seus gritos estrídulos ora amedrontadores ou tão familiares que os caçadores procura-nos, certos de tratar-se de um companheiro transviado. E quanto mais rebuscam menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, atordoa, desvaira e enlouquece. Os caçadores terminam perdidos ou voltam à casa depois de luta áspera para reencontrar a estrada habitual. Sabem tratar-se do Pé-de-Garrafa porque este deixa sua passagem assinalada por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa. Supõe que o singular fantasma tenha as extremidades circulares, maciças, fixando vestígios inconfundíveis. Vale Cabral , um dos primeiros a estudar o Pé-de-Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caapora e devia ser de estatura invulgar a deduzir-se da pegada enorme que fica na areia ou no barro mole do massapé”.

Nosso Pé-de-Garrafa é similar ao Fachan, um elfo que vive na Irlanda e nas Terras Altas do Oeste da Escócia. Sua figura também é espantosa, com uma mão que sai do meio do peito, uma perna que brota do tronco, com um olho no meio do rosto e com grandes dentes. Apesar desse aspecto tão horrível, se diz que ele possui a propriedade de absorver todas as energias negativas dos seres impregnados pela perversidade e corrupção, transformando-as em energias positivas.
Quem viu, não quer ver!
No escuro da noite sem lua.
Por entre as árvores da mata.
Um grito ecoa.
Como um gemido agonizante.
Seus passos soam tuc, tuc, tuc, como pilão socando o chão.
Dizem matutos experientes que um Pé de Garrafa quando pega uma pessoa espanca-o drasticamente...estraçalha-o.
Pequenos e horripilantes, suas pernas são unidas numa só, tomando a forma de uma garrafa.
Morenos cor de terra, cabelos desgrenhados e bocarra na cara de mau, moram sob as locas das grandes pedras.
Se alimentam de animais e ervas.
E só aparecem a noite.
Huuuuuuu!!!!

                                                                                                           Singrando Horizontes


Lendas do Brasil: Procissão das Almas

Esta Lenda relata sobre uma velha, que vivia sozinha na sua casa, e por não ter muito que fazer, nem com quem conversar, passava a maior parte do dia olhando a rua da sua janela, coisa muito comum no interior do Brasil.

Até que numa tarde quase ao anoitecer ela viu passar uma procissão, todos vestidos de roupas largas brancas (como almas) com velas nas mãos e não conseguia identificar ninguém, ela logo estranhou, pois sabia que não haveria procissão, pois ia sempre à igreja, e mesmo assim quando havia alguma procissão era comum a igreja tocar os sinos no inicio, mas nada disso foi feito.

A procissão foi passando, até que uma das pessoas que participava, parou na janela da velha e lhe entregou uma vela, falou que a velha guardasse aquela vela que no outro dia ela voltaria para pegá-la. 

Com a procissão a chegar ao fim a velha resolveu dormir, e apagou a vela e guardou-a.

Quando foi de manhã que a velha acordou, ela logo foi ver se a vela estava no local onde ela guardou, mas para sua surpresa, no local em vez da vela estava um osso de uma pessoa já adulta e de uma criança.

Lendas do Brasil: Mãe do Ouro

Havia em Rosário, a montante do rio Cuiabá, um rico senhor de escravos, de modos rudes e coração cruel. Ocupava-se na mineração de ouro, e seus escravos diariamente vinham de lhe trazer alguma quantidade do precioso metal, sem o que eram levados para o tronco e vergastados.

Tinha ele um escravo já velho a quem chamavam pai Antônio. Andava o negro num banzo que dava dó, cabisbaixo, resmungando, pois não lhe saía da bateia uma só pepita de ouro, e mais dia menos dia, lá iria ele para o castigo. Certo dia, em vez de trabalhar, deu-lhe tamanho desespero, que saiu andando à toa pelo mato. Sentou-se no chão, cobriu as mãos e começou a chorar. Chorava e chorava, sem saber o que fazer. Quando descobriu o rosto, viu diante dele, uma mulher branca muito linda, e com uma linda cabeleira cor de fogo.
E ela falou para ele:
– Por que está triste assim, pai Antônio?

E ele falou : contou-lhe a sua desventura. 
E ela:
- Não chore mais. Vá comprar-me uma fita azul, uma fita vermelha, uma fita amarela e um espelho.

- Sim, sinhazinha.

Saiu o preto do mato às carreiras, foi à loja, comprou o espelho e as fitas mais bonitas que achou, e voltou a encontrar a mulher dos cabelos de fogo. Então ela foi diante dele, parou num lugar do rio, e ali foi esmaecendo até que sumiu. A última coisa que ele viu foram os cabelos de fogo, onde ela amarrara as fitas. Uma voz disse, de lá da água:

- Não conte a ninguém o que aconteceu.

Pai Antônio correu, tomou a bateia e começou a trabalhar. Cada vez que peneirava o cascalho, encontrava muito ouro. Contente da vida, foi levar o achado ao patrão.

Em vez de se satisfazer, o malvado queria que o negro contasse onde tinha achado o ouro.

– Lá dentro do rio mesmo, sinhozinho.

– Mas em que altura?

- Não me lembro mais.

Foi amarrado no tronco e maltratado. Assim que o soltaram, correu ao mato, sentou-se no chão, no mesmo lugar onde estivera e chamou a Mãe do Ouro.

– Se a gente não leva ouro, apanha. Levei o ouro, e quase me mataram de pancada. Agora, o patrão quer que eu conte o lugar onde o ouro está.

– Pode contar – disse a mulher.

Pai Antônio indicou ao patrão o lugar. Com mais vinte e dois escravos, ele foi para lá. Cavaram e cavaram. Já tinham feito um buracão quando deram com um grande pedaço de ouro. Por mais que cavassem não lhe viam o fim. Ele se enfiava para baixo na terra, como um tronco de árvore. No segundo dia, foi a mesma coisa. Cavaram durante horas, todos os homens, e aquele ouro sem fim se afundando para baixo sempre, sem que nunca se pudesse encontrar-lhe a base. No terceiro dia, o negro Antônio foi à floresta, pois viu, entre as abertas do mato, o vulto da Mãe do Ouro, com seu cabelo reluzente, e pareceu-lhe que ela o chamava. Mal chegou junto dela, ouviu que ela dizia:

- Saia de lá amanhã, antes do meio-dia.

No terceiro dia, o patrão estava como um possesso. O escravo que parava um instante, para cuspir nas mãos, levava chicotada pelas costas.

– Vamos – gritava ele -, vamos depressa com isso. Vamos depressa.

Parecia tão maligno, tão espantoso, que os escravos curvados sentiam um medo atroz. Quando o sol ia alto, pai Antônio pediu para sair um pouco.

– Estou doente, patrão.

– Vá, mas venha já.

Pai Antônio se afastou depressa. O sol subiu no céu. Na hora em que a sombra ficou bem em volta dos pés no chão, um barulho estrondou na floresta, desabaram as paredes do buraco, o patrão e os escravos foram soterrados, e morreram.


Lendas do Brasil: Diabinho da Garrafa

Também conhecido como Famaliá, Cramulhão, Capeta da Garrafa, entre outros nomes, este ser é fruto de um pacto que as pessoas afirmam que se pode fazer com o diabo, este pacto consiste na maioria das vezes de uma troca, a pessoa pede riqueza em troca dá a alma ao diabo.

Após feito o pacto a pessoa tem que conseguir um ovo que dele nascerá um diabinho de 15cm à aproximadamente 20cm, más não se trata de um simples ovo de galinha, e sim um ovo especial,fecundado pelo próprio diabo.

CARACTERÍSTICAS: 
 Segundo muitos o Diabinho da Garrafa tem as seguintes características:
1.Nasce de um ovo(em algumas Regiões do Brasil acredita-se que ele pode nascer de uma galinha fecundada pelo diabo), noutras Regiões acreditam que ele nasce de um ovo colocado não por galinha e sim por um galo, este ovo seria do tamanho de um ovo de codorna.
2.Para conseguir tal ovo, a pessoa deve procurá-lo durante o período da quaresma , e na primeira sexta feira após conseguir o ovo, a pessoa vai até uma encruzilhada ,meia noite, com o ovo debaixo do braço esquerdo, após passar o horário retorna para casa e deita-se na cama. No fim de 40 dias aproximadamente, o ovo é chocado e nascerá o diabinho.
3. Com o diabinho , a pessoa coloca-o logo na garrafa e fecha, bem fechado, com o passar dos anos o diabinho enriquece o seu dono, e no final da vida leva a pessoa para o inferno.

Lendas do Brasil: Matinta Perêra

Post dedicado à Bruno de Melo (Bruninho)

Se é um pássaro ou uma velha ninguém sabe explicar ao certo. O que se sabe é que quando a Matinta assobia, o caboclo respeita e se aquieta. Imitam eles, dizendo que "em dada noite estavam em tal lugar quando de repente: Fiiiiiiiiiit, matinta perera!"

Em cada localidade, a Matinta é um personagem sempre atribuído a alguma senhora de idade. Se for alguém que viva sozinha, na mata, e que não costume conversar muito, melhor ainda! Essa, com certeza, cairá na boca do povo como a Matinta Perera do local.

Dizem que de noite, quando sai para cumprir seu fado, a Matinta sobrevoa a casa daqueles que zombam dela ou que a trataram mal durante o dia, assombrando os moradores da casa e assustando criações de galinhas, porcos, cavalos ou cachorros.

Dizem ainda que a Matinta gosta de mascar tabaco. E quando lhe prometem o fumo, ela sempre vai buscar no dia seguinte, sempre às primeiras horas da manhã. Por isso, há uma espécie de macete para quem quer descobrir a verdadeira identidade da Matinta Perera: quando se ouve o assobio na mata, o curioso deve gritar bem alto: "vem buscar tabaco!". No dia seguinte, bem cedinho, a primeira pessoa que bate à porta do curioso vai logo dizendo a que veio: "bom dia, seu fulano! Desculpe ser tão cedo, mas é que eu vim aqui buscar o tabaco que o senhor me prometeu noite passada!".

Assustado, o curioso deve logo providenciar um pedaço de fumo para dar à indiscreta visita. Se não der o que prometeu, a Matinta Perera volta à noite e não deixa ninguém dormir.
Outra forma de descobrir a verdadeira identidade de uma Matinta é por meio de uma simpatia onde, à meia noite, se deve enterrar uma tesoura virgem aberta com uma chave e um terço sobrepostos. Garantem os caboclos que a Matinta não consegue se afastar do local.

Há os que dizem que já tiveram a infeliz experiência de se deparar com a visagem dentro do mato. A maioria a descreve como uma mulher velha com os cabelos completamente despenteados e que tem o corpo suspenso, flutuando no ar com os braços erguidos. Ao ver uma Matinta, dizem os experientes, não se consegue mover um músculo sequer. A pessoa fica tão assustada que fica completamente imóvel! Paralisada de pavor!

Dizem ainda que quando a Matinta Perera sente que sua morte está próxima, ela sai vagando pelas redondezas gritando bem alto "Quem quer? Quem quer?". Quem cair na besteira de responder, mesmo brincando, "eu quero!", fica com a maldição de virar Matinta. E assim o fado passa de pessoa para pessoa.


  

O Diabo e a Música

Escrito por Raphael Grizotte

Quero relatar aqui um detalhe de pouca importância mas curioso o tema da música em diferentes histórias macabras.

É fácil de imaginar por que a música sendo uma forma de expressão de divulgação íntima das intenções ou de sentimentos, sirva logicamente para qualquer meio, mas não quero aqui me referir a um gênero ou estilo musical, mas sim a comodidade que apresenta a música como coadjuvante em histórias, nada de fundo musical, somente uma parte importante, nem trilha sonora mas um outro personagem inesperado que com o diabo ou o inferno que ele possa representar, nos dá uma diversidade para as sete notas. Eu não diria se tratar de uma ferramenta como muitas que o 'mal' possa usar para conseguir o que quer, e sim uma necessidade existencial da música em todas as suas esferas.

Todas as crenças das mais distintas citam o inferno como um lugar de punição, de sofrimento que se estende ao lamento eterno; não poderia deixar de imaginar um som odioso (...Como um ranger de dentes...) que sita a bíblia. Como referência, uma viagem feita por dois poetas que desbravam os mundos inferiores (Dante Alighieri ) mostrando os nove círculos do inferno, todos os sofrimentos e os sons existentes. Como já está escrito; convém deixar toda a suspeita, todo o ignóbil sentir, que aqui seja proscrito,...e ao chegar nas portas do inferno, Dante categórico diz "Mestre, que ouço agora?"

Sem dúvida não era música o que Dante ouvira independente dos ouvidos acostumados aos mais diversos dos ruídos. Um som desses nunca poderia equiparar-se ao barulho qualquer de uma 'demoníaca festa' barulhenta que nunca acaba, acho que esse detalhe é compreensivo, mas será que num lugar assim pode-se ouvir música? Há de ser loucura, mas aqueles demônios sempre ocupados tem que aturar o hobby favorito do chefe, uma música para relaxar, por que não?

Fausto que não queria ouvir os cantos de natal, cantados pelas crianças, de repente passara a se divertir com seu novo amigo muito estranho (MEFISTÓFELES) e cheio de truques que encantava por seus atos e não deixava de tocar muito bem para animar as festas onde ele poderia dançar com sua amada e vender a alma ao diabo por motivos de amor. Fausto de Goethe é pouco musical, mas em contraponto no mesmo tema de Thomas Mann descreve o 'dr Fausto' entediado em sua vida amorosa e sonórica, assim passa a compor muito mais com a oferta de negócio feita por Mefistófeles. Como quadro de Chagall, onde um violino é sempre destacado colocando em questão a música e por outras colocando em suas pinturas um bode tocando o violino ligado diretamente as tradições Russas com suas lendas de músico diabólico.

Tenho também histórias que só aumentavam a fama de Paganini (1782-1840), um grande violinista que também vendera sua alma para o diabo, ou somente tinha uma pacto com ele que lhe respondia em suas músicas com seu talento fora do comum. Segundo muitos biógrafos, Paganini sentia verdadeira obsessão para se casar e formar uma família. Só que não o pôde com a sina dos condenados a pagar sua dívida com satan. Paganini se tornou mais famoso e popular com seu jeito obscuro e com as lendas criadas por seu dom fora do comum, que ele mesmo brincava dizendo ser o aprendiz do diabo.

Ainda sobre as histórias que rondam Paganini, um do exemplos mais clássicos é a música “Concerto para violino n.º 2 em Si menor Op. 7” - “A campainha”, que simboliza o som de uma campainha respondendo as notas feitas pelo violino como se fosse o próprio diabo a tocá-la; tema muito comum em sua época como uma forma de comunicação com o outro mundo. Paganini teve sim um filho e viveu de forma diferenciada dos homens comuns da Itália do século XVIII.

Estes contos referentes ao grande músico Niccolo Paganini, que sempre disputava somente contra seu único rival, o diabo, deve ter servido de inspiração para algumas e dúvida para outras muitíssimas histórias com o diabo querendo encenar ou disputar um solo musical.

Outro que também o coloca em sua história musical, foi Igor Stravinsky em 'A História do Soldado', baseada em temas folclóricos russos onde o diabo quer aprender a tocar em troca de um livro com um soldado muito apressado que era enganado diversas vezes por ele. Quero deduzir que o diabo além de enganar as pessoas, ainda não deixa de retirar delas algo mais que a paz e a alma. Ele teima em ter esse dom da música ao seu lado, já que na história do Soldado, o pobre acaba acompanhando e tocando o violino.

Como vivemos num mundo onde carpideiras trabalham para poder animar certos velórios, não podemos deixar de imaginar o trabalho da música para seduzir o homem, ou até mesmo um gênero musical perdido! O violino funerário obra de não-ficção de um livro chamado “An incomplete history of the art of the funerary violin” (Uma história incompleta da arte do violino funerário), verdade ou não, fato é que ainda na Suécia exista a tradição folclórica de dançar num evento muito legal. As principais atuações de “Os Azeitoneiros” aconteceram no âmbito da Halsinge Hambon, uma das competições de dança mais antigas na Suécia, baseada na lenda do encantamento de jovens ao som de um violino tocado pelo Diabo, disfarçado de homem.

Na narrativa mais comum, o diabo se apresenta para mostrar seus dotes musicais em troca de riqueza de amores impossíveis ou com seu maior prêmio, o de um violino de ouro se o músico aceitar a disputa proposta pelo diabo. Ele teria um desafio grandioso que teve sua versão no desenho animado “Futurama”. E no jogo (game Guitar Hero) na música 'The Devil Went Down to Georgia'... Mostrando assim a contemporaneidade do tema. Acho que desde que Orfeu levara sua lira ao mundo inferior, as criaturas demoníacas se acalmaram um dado momento para ele poder se destacar.

"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouve minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, a cuja mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs fim prematuro. O Amor aqui me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: une de novo os fios da vida de Eurídice!..."

Ele sem dúvidas mostrou seus dotes depois de calar repentinamente aquele inferno, introduzindo a música que acalma as 'feras'. Esta opinião era deveras comprovada. Quem sabe assim nascera o tema por Orfeu em busca de sua amada Eurídice.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Maia (Mês de Maio)

Uma das 7 irmãs que, fugindo do gigante Órion, se transformaram no aglomerado de estrelas das Plêiades, que hoje fazem parte da constelação de Touro. Era uma ninfa que com Zeus, teve Hermes.

Maia e Hermes tinham medo da fúria de Hera, por ciúmes de Zeus. Porém não foram odiados, pelo contrário, ganharam a simpatia da deusa.

À Maia era consagrado o dia 15 de maio. Na tradição romana, Maia talvez não seja outra, diferente da ninfa de Arcádia, que personificava o despertar da natureza na primavera e que viria a se transformar na mentora de Mercúrio.

Ela é a deusa da fecundidade, e da projeção da energia vital. Maia era a ninfa que personificava os lugares frios. Também era filha de Atlas e Plêione.

Na mitologia romana, Maia era identificada como Maia Maiestas - também chamada de Fauna, Bona Dea (a Boa Deusa) e Ops -, uma deusa que pode ser equivalente à uma velha deusa da Primavera dos Primeiros povos itálicos. O mês de maio foi nomeado em sua honra; o 1º e o 15º dias de maio eram sagrados para ela.

Em 1º de Maio, o flamen (sacerdote) de Vulcano sacrificava uma porca grávida, que era um sacrifício adequado para uma deusa da Terra como a Bona Dea.

:.Um Pouco Mais de História
Era costumes enfeitar as janelas com flores amarelas (as maias). Este costume ainda se mantém em várias regiões do país: era neste mês que se realizava a festa em honra de Flora, os jogos florais, sendo coroadas com flores as mulheres que se destacassem nos jogos.
Maio era representado nas imagens dos calendários antigos por um jovem vestido de branco e verde, com uma grinalda de rosas na cabeça e, eventualmente, com uma lira numa das mãos e um rouxinol na outra.

Também originária de rituais de fertilidade e carregada de simbologia é a Maibaum, ou Árvore de Maio, que preside a "dança maio adentro", com que se dá boas vindas ao mês benfazejo.

Assim, entre a Páscoa e Pentecostes era uso saudar a primavera com cantos e instalar na praça central a Árvore de Maio, representando a Árvore da Vida.

Não é de espantar que até hoje se cultivem, até mesmo nas grandes cidades, rituais ligados ao acasalamento, em parte com origens comprovadas na pré-história. Derivado da Festa das Noivas de Maio, na Idade Média, persiste ainda o costume de depositar um galho decorado, tradicionalmente de bétula, diante da janela da amada: se ele florescer, este amor tem chances, se não... =/


Afrodite (Mês de Abril)

No princípio dos tempos, um grande estrondo despertou o mundo que apenas começou a formar-se. Era o incessante bater das gigantescas ondas que saíam da abismal profundidade do imenso mar Oceano, se agitavam e avançavam implacáveis até chocar-se contra as rochas dos escarpados, donde se batiam e troavam. A Terra retumbava na obscuridade da noite, pois os astros do Céu não a iluminavam, e o reino das sombras se estendia por todo o Universo para enche-la de desolação.

Mas, subitamente, dentre as revoltas águas do Mare Nostrum surgiu uma montanha de espuma prateada e brilhante, tão suave e etérea como os copos de neve, como as nuvens de algodão...

A rosa dos ventos abriu suas pétalas e nesse momento, desde os quatro pontos cardeais soprou uma brisa cortante que dispersou a borbulhante espuma, a arrastou tal qual as insignificantes lanugens, deixando descoberto a formosa figura da deusa Afrodite, a Vênus do mar, com seu esbelto corpo desnudo e resplandecente, e reluzente como a alva do primeiro dia do mundo.
                                                            
Nascida da espuma das ondas, nenhuma criatura, nem divina nem mortal, igualará em beleza a deusa Vênus... A luz e a claridade abrem caminho, cessa o ruído estrondoso, a paz e o silêncio se estendem pela Terra...O mito da formosura do amor e da sedução inicia seu percurso.

A deusa Afrodite encarna a beleza sensitiva e espiritual do amor, pois sua origem provém dos elementos naturais: a água do profundo mar oceano, o ar dos ventos de todas latitudes e o invisível fogo que ilumina a grandiosa claridade do primeiro dia do mundo.

De origem asiática, seu culto foi introduzido na Grécia por marinheiros e mercadores. Primitivamente, Vênus era divindade do instinto natural de fecundação e geração. Personificava o elemento úmido, princípio de fertilidade da natureza; sua ação abrangia os deuses, os homens e todas as criaturas do mundo vegetal e animal. Mais tarde, passou a ser considerada deusa do amor. Inicialmente, protegia apenas as formas mais nobres desse sentimento. Com a evolução do mito, acabou personificando o amor em seus inúmeros aspectos.

Zéfiro, o vento que soprava desde o Oeste e que dispersava pétalas de rosas e flores por todo o Universo, o filho da Aurora matinal que sai a cada manhã para anunciar um novo dia, translada rapidamente a formosa Vênus até a ilha de Chipre, donde a recolhem as donzelas que personificavam as quatro estações e a transportam para a morada dos deuses, o Olimpo.

Não obstante sua formosura, a deusa Vênus tomou por esposo Vulcano, o ferreiro Hefesto, descrito pelos narradores do mito como um deus de aspecto pouco agraciado, inclusive tinha algum defeito físico que afetava ainda mais sua figura.

Porém, Vulcano era o deus do fogo e em sua forja – escavada nas entranhas do monte Etna, acesa e ativa, ardia dia e noite – não só forjava os carros, os escudos, as couraças, flechas e espadas dos heróis legendários, o cetro de Zeus, o tridente de Netuno e a diadema de ouro e rubis de Ariadne, como também as mais vistosas jóias, engastando-lhes as pedras mais valiosas, para que as deusas as usassem quando assistiam as celebrações e banquetes. Também foi ali onde se fundiram os metais preciosos utilizados para conseguir a secreta liga com que se fabricou o sólido cofre preparado para encerrar em seu interior todos os males... porém também a esperança.

:.Jardim de Adônis
As jóias mais vistosas que criava Vulcano em sua forja as presenteava sua esposa, a deusa Vênus, de maneira que sua formosura sempre ressaltava sobre todas demais deidades.

A divinal Vênus não recusava nunca presente algum de seu esposo, mas passava os longos e cálidos dias de verão na companhia do jovem efebo Adônis – filho da relação incestuosa de uma donzela chamada Mirra com seu próprio pai -, de quem estava apaixonada.

Todos os anos, no Solstício da Primavera quando a terra se enchia de luz e vida, a deusa Vênus, com seu corpo apenas coberto por um vestido de gaza e seda transparente, saía correndo ao campo e sentava-se no alto de uma colina perto do mar para esperar o seu amado Adônis, que vinha de passar o inverno no sombrio mundo subterrâneo do reino de Hades, porém na deleitosa companhia da jovem Perséfone, esposa do deus dos infernos.

O mito narra que Marte, deus da guerra, era amante de Vênus e sentia ciúmes de Adônis, pelo que, após segui-lo quando caminhava pelo bosque, soltou contra ele um feroz javali que esquartejou com suas presas o rapaz.

Desconsolada, a formosa Vênus chorou com grande sentimento a morte de Adônis e ao caírem suas lágrimas na terra e misturar-se com o sangue de seu amado, a Terra se abriu e brotou uma flor branca que brilhava como uma estrela*. A deusa chamou “anêmona dos bosques” a essa flor tão delicada e, desde então, até os atuais tempos, quando chega a primavera, a colina do monte Líbano, no local onde a formosa Vênus esperava seu amado, se cobre com um espesso manto de ervas silvestres e de flores cheirosas: é o Jardim de Adônis, onde cresce a árvore da mirra.
 *Em outra versão, Vênus recolheu as gotas do sangue de Adônis e das próprias fez nascer a anêmona.

:.A Rede de Vulcano
Na ilha de Chipre sempre esteve Vênus acompanhada pelo Desejo e o Amor, de forma que, tanto os heróis imortais quanto os deuses, sentiam-se atraídos pelos encantos da formosa e sedutora deusa. Mas, entre os deuses, quem continuamente se encontrava com Vênus era Marte, o impetuoso deus Ares da guerra.

No leito de seu palácio na Tracia, Marte se encontrava com Vênus sempre que lhes houvessem ocasião, pelo que a infidelidade da deusa não tardou a ser descoberta pelo esposo, o ferreiro Vulcano, quem, não podendo suportar tamanha ofensa e semelhante desonra, traçou um plano para surpreender os amantes.

Narra Ovídio, na sua obra “Metamorfosis”, que foi o Sol quem descobriu os amores de Vênus e Marte, e que em seguida informou a Vulcano, o qual, ao conhecer a infidelidade de sua esposa e a traição do deus Marte, sentiu-se t
sentiu-se tão ultrajado e doido que idealizou um ardil, uma espécie de rede presa com correntes, para agarrar e castigar os dois adúlteros.
Assim pois, Vulcano começou por fabricar um artístico dossel para o leito de sua esposa, sustentado por quatro pilares de ouro cinzelado, coberto e adornado com cortinado de veludo. À Vênus lhe agradou a obra de Vulcano e, como prova disto, deitou com seu esposo e lhe encheu de felicidade durante toda uma noite de amor, tanto que o deus do fogo quase desiste de seguir adiante com seu propósito.
Mas passados os primeiros instantes de arroubamento, Vulcano prometeu a si mesmo pôr em prática a segunda parte do plano que tinha traçado e, sem mais demora, fabricou uma rede irrompível e sólida, de malha de bronze, e a fixou sobre os extremos dos dosséis do leito de sua esposa e a cobriu com cortinados de veludo. Tudo estava preparado e pronto: o peso de mais de um corpo sobre a cama faria com que a rede desprendesse e caísse.
Assim pois, certo dia, Vulcano comunicou à formosa Vênus que ficaria ausente de sua forja durante várias jornadas, já que tinha que realizar com urgência uma viagem  à ilha de Lemnos. Tal como Vulcano supunha, sua astuta esposa fingiu um pretesto para não acompanhá-lo e logo que o deus do fogo se ausentou, Vênus enviou um recado ao seu amante, pedindo que viesse a reunir-se com ela.
Feito namorados recentes, Marte e Vênus estavam desnudos no leito da deusa da beleza; estavam tão abstraídos com seus jogos amorosos que não repararam na armadilha que tinha lhes armado Vulcano, até que, de imprevisto, uma pesada rede metálica caiu em cima deles e os prendeu entre suas malhas, tão sólidas e robustas que nem o próprio e poderoso deus da guerra pode quebrá-la.
Então, apareceu diante deles Vulcano que, no instante, mandou um mensageiro até o monte do Olimpo para que todos os deuses viessem e comprovassem não só a infidelidade de Vênus mas, também, o impudor e voluptuosidade do deus Marte.
:.A Súplica dos Amantes
Marte, o deus da guerra, estava dotado de grande poder e fortaleza mas, por mais que tentasse, não foi capaz de partir, nem sequer fazer mossa ou dobrar o metal de bronze que Vulcano tinha empregado para fabricar aquela pesada rede, entre cujas malhas permanecia junto com sua amante, enredado e imobilizado.

Vênus e Marte não cessavam de suplicar a Vulcano que os soltassem. Mas, na presença de Zeus, o Deus do Olimpo, que tinha acudido prontamente a chamada do ferreiro dos deuses e que contemplava a cena em companhia de Netuno, Mercúrio, Baco e outras deidades, o deus do fogo lhes fez jurar que antes tinham ambos que devolver-lhe a honra; e sua esposa, em particular, devia lhe restituir-lhe todos os presentes que tinha ganho durante o tempo em que viveram juntos, assim como, o montante do dote que aportou ao matrimônio no dia da boda.

Netuno, deus das águas, se dirigiu aos deuses presentes na alcova de Vênus e, após olhar sem dissimular o tentador corpo desnudo da deusa da beleza, falou com voz enérgica, argumentando que devia ser Marte quem devia pagar o dinheiro do dote que reclamava Vulcano. É evidente, assinalou Netuno, que é o deus da guerra quem está preso nesta rede e quem tem coabitado com Vê preso nesta rede e quem tem coabitado com V devia pagar o dinheiro do dote que reclamava Vulcano. juntos, assim como, o montannus e degustado o mel do formoso corpo da deusa durante muitas noites, mais do que podia imaginar.

Enquanto falava, Netuno batia com seu tridente na rede metálica, fabricada por Vulcano, que mantinha presos os dois incautos amantes, Vênus e Marte.

Mas, dado que Vulcano estava muito apaixonado por sua bela esposa, o episódio acaba com o perdão, a paz e de novo o mútuo entendimento de ambos, a deusa do amor e o deus do fogo.

Marte, o deus da guerra, uma vez libertado da rede de bronze que lhe aprisionava, partiu para seu palácio e não voltou a ver a deusa Vênus.

Dessa relação nasceu: Deimos, Fobos, Cupido e Harmonia.

:.O Cinturão Mágico de Vênus
Porém, as promessas de fidelidade de Vênus duraram pouco e foram tão efêmeras como a espuma do mar que, na origem dos tempos a engendraram. De forma que, de pronto, outros deuses e heróis, mortais e imortais, além de reis e soberanos que governavam extensas terras, se deitaram com a deusa do amor e da beleza.

Havia uma razão que explicava porque todos que miravam de perto a deusa sentiam-se cativados pelos seus encantos e a desejavam. O mito narra que essa atração surgia porque a deusa levava cingido em sua cintura um cordão mágico dourado que exercia um feitiço sedutor a sua volta, despertava as paixões dos deuses e dos mortais e era desejada pelos mais belos efebos.

O cinturão dourado de Vênus realçava seus encantos físicos e era um dos principais atributos da deusa do amor e da beleza.

Entre os pretendentes que alcançaram os favores da deusa Vênus, mesmo só por uma noite, há deuses e mortais; Mercúrio, com quem teve Hermafrodito; Baco, que lhe fez mãe de Priapo...

Menção especial merece o célebre escultor Pigmalión, que tinha fama de recusar toda relação íntima ou afetiva, fossem com mulheres mortais ou deusas. Mas tendo realizado uma estátua feminina com as formas tão perfeitas, que só faltava mover-se, respirar e sentir, se apaixonou por ela, chamando-a Galatea, e pediu a Vênus que desse vida a tão magnífica figura. Então, Vênus se transformou em Galatea, e imediatamente a estátua tomou vida e se converteu em uma mulher tão formosa que despertou a libido de Pigmalión que se deitou com a deusa sem sabê-lo, pois pensava que o fazia com a estátua vivente.

Também o filho do Sol, o jovem Faetão, de quem se diz que não pôde controlar seus cavalos desloucados quando conduzia seu carro de fogo, pelo que esteve a ponto de incendiar a terra, se apaixonou pela formosa Vênus e gozou de seus encantos. No relato do mito de Faetão se descreve como o jovem foi fulminado pelo raio de Zeus, já que o deus quis evitar, assim, que a terra ardesse e ficasse reduzida a cinzas. Não obstante, parece que, na verdade, Zeus infligiu o maior castigo a Faetão para vingar-se de seu pai Helios, o Sol, cuja indiscrição o converteu em delator ao informar Vulcano dos devaneios amorosos da sua esposa Vênus.

:. O Príncipe Anquises
Os hinos homéricos recolhem o episódio mitológico doas amores de Vênus com o jovem mortal Anquises, príncipe de Tróia.

Encontrando-se o jovem Anquises no monte Ida, viu aproximar-se uma formosa moça. Vinha vestida com as ricas roupagens de uma rainha, e adornada de jóias que reluziam mais do que o ouro e a prata. Todo o seu corpo exalava um perfume fino e embriagador...

"Saúdo a recém-chegada". Falou, e disse que estava indo em direção a suas terras do Helesponto e Frigia, de onde era princesa.

Anquises ficou cativado pela formosura da jovem e quando escutou sua voz, esta lhe pareceu tão clara e suave como as águas dos arroios dos mananciais que nasciam no cimo das montanhas e escorriam até o vale.

Anquises convidou a jovem a entrar em sua cabana e ao contemplá-la desnuda se cativou ainda mais por ela. Os dois amantes rolaram durante a noite toda num leito de peles e quando, na manhã seguinte, Anquises acordou, a formosa jovem lhe revelou que ela era  na verdade a deusa Vênus e que devia manter em segredo que tinha se deitado com ela.

Passou o tempo e Anquises, por ocasião de um ágape entre amigos, celebrado no seu palácio, alardeou que tinha se deitado com a deusa Vênus. E no mesmo instante, Zeus enviou seu fulminante raio contra o indiscreto jovem, mas Vênus o desviou para que não alcançasse de cheio Anquises, porém lhe passou tão perto que ficou maltratado e debilitado para sempre.

Dessa noite de amor entre Anquises e Vênus nasceu o grande herói Eneas, cujas ações e façanhas narrara o grande poeta latino Virgílio, na sua obra Eneida.

Finalmente, se conta que, após soltar uma tormenta para ocultar-lhe, os deuses transportaram o herói Enéas ao céu e o sentaram no trono dos imortais.

:.Vênus - Mármore dos Artistas
Vênus de Milo
As representações e a iconografia da deusa Vênus, Afrodite grega, são muito ricas e variadas. Ao longo dos tempos numerosos artistas, além dos antigos gregos e romanos, a têm tomado como modelo para a realização de seus trabalhos. E tem sido, a deusa do amor, uma fonte inesgotável de inspiração para seus quadros, esculturas e outras obras estéticas.

Vênus inspirará paixões na arte, na literatura, na música, no teatro... Inclusive os imperadores romanos invocavam o nome da deusa da beleza para incutir valor a seus soldados antes da batalha: "Venus Victrix", Vênus Vitoriosa.

Na antiguidade clássica, Vênus foi representada por Fídias numa escultura onde aparecia vestida. Enquanto que os prestigiosos escultores Praxíteles e Escopas, que introduziram o padrão grego da proporção e perfeição nas formas, faz mais de dois milênios, consideraram a deusa Afrodite o modelo de beleza feminina e a representavam saindo do mar com um dos braços e o peito esquerdo desnudos, apenas coberta com um véu transparente.

Entre as estátuas de Vênus feitas em mármore por artistas da antiguidade, destaca-se a Vênus de Médicis, a Vênus do Capitólio, a Vênus de Cnido...

Porém, sem dúvida, a Vênus de Milo, que se encontra no Museu do Louvre, é uma das estátuas da deusa do amor mais conhecidas e divulgadas. Data do século segundo, antes da nossa era, e está lavrada em mármore.

A estátua tal qual está hoje, foi descoberta em princípios do século dezenove por um camponês grego quando trabalhava em suas terras, na ilha de Melos. É uma peça talhada helenística, lavrada com maestria, mimo e cuidadosos detalhes.

A figura mede dois metros de altura e, originalmente, um dos braços repousava sobre um pilar de mármore que tinha gravado na base o nome de Alexandros de Antioquía, realizador de tão criativo conjunto escultural.

Neste mesmo lugar, Melos, se encontrou também uma mão que levava uma maçã e que, segundo parece, pertenceu a estátua de Vênus. Daí que se pense que o artista chamara Vênus da Maçã à tão singular escultura, pois "melos", em grego, significa maçã, atributo da Vênus da fertilidade dos campos, junto com as rosas, a romã, as flores e os bagos das murtas ou mirtos.

:.O Juízo de Paris
A maçã, enquanto símbolo mitológico relacionado com a beleza, a tentação, a paixão e o desejo, aparece também no relato do denominado "Juízo de Paris", um dos episódios mitológicos mais célebres e populares, que mostra como a Discórdia, mediante um simples estratagema, consegue chamar a atenção dos convidados de uma faustosa boda.

Tudo isto, por exemplo, pode-se observar no célebre lenço de Rubens, que ilustra o mito da maçã de ouro que a Discórdia, por vingança, lançou no meio da grande sala do palácio onde estava se celebrando o banquete da boda da formosa ninfa do mar, a nereida Tetis, com o rei Peleo. Todas as deidades haviam assistido a esta boda, exceto a deusa Éride, a Discórdia, pois os anfitriões se esqueceram de convidá-la.

A maçã levava escrita a frase "Para a mais formosa.", pelo que os presentes elegeram Paris como juiz, filho do rei de Tróia, para que decidisse quem era a mais bela das três deusas que ali se encontravam: Hera, Atena ou Afrodite.

Hera ofereceu ao jovem Paris todos os reinos da Terra, se fosse eleita; Atena lhe prometeu sair sempre vitorioso e sem ferida alguma de todas as guerras contra seus inimigos; enquanto que Afrodite lhe assegurou que conseguiria namorar a mais formosa das jovens mortais, a bela Helena de Tróia.

Paris, que estava cativo da formosura de Helena, se decidiu por Afrodite e, então, Hera e Atena se indispuseram com ele para sempre. A partir daí, ambas as deusas ficariam do lado dos gregos que lutavam contra os troianos, enquanto que Afrodite ajudaria os troianos. Segundo o mito clássico, este fato, unido ao episódio do rapto de Helena, originaria a guerra de Tróia.


Mitologia - Deuses e Heróis
F&G Editores
2002

Dicionário de Mitologia Greco-Romana
Abril Cultural
1973